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O respeito de Paulo (At 20—28)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Acts pauls respect acts 20 28

Apesar da total convicção de Paulo sobre suas crenças e sua conduta, ele mostra respeito por todos que encontra. Isso deixa todos sem ação, especialmente seus inimigos e captores, o que lhe dá uma oportunidade incontestável como testemunha do reino de Deus. Quando chega a Jerusalém, ele respeita os líderes cristãos judeus de lá e atende ao estranho pedido deles de demonstrar sua fidelidade contínua à Lei judaica (At 21.17-26). Ele fala respeitosamente a uma multidão que acaba de espancá-lo (At 21.30—22.21), a um soldado que está prestes a açoitá-lo (At 22.25-29), ao conselho judaico que o acusa em um tribunal romano — até o ponto de se desculpar por inadvertidamente insultar o sumo sacerdote — (At 23.1-10), ao governador romano Félix e sua esposa Drusila (At 24.10-26), ao sucessor de Félix, Festo (At 25.8-11; 26.24-26) e ao rei Agripa e sua esposa, Berenice (At 26.2-29), que o aprisionam. Em sua jornada até lá, trata com respeito o centurião Júlio (At 27.3), o governador de Malta (At 28.7-10) e os líderes da comunidade judaica em Roma (At 28.17-28).

Não devemos confundir o respeito demonstrado por Paulo com timidez em relação à sua mensagem. Paulo nunca hesita em proclamar a verdade com ousadia, onde quer que haja condições favoráveis. Depois de ser espancado por uma multidão de judeus em Jerusalém, que falsamente suspeitam que ele tenha trazido um gentio ao templo, ele lhes prega um sermão cuja conclusão é o comissionamento do Senhor Jesus a que pregue a salvação aos gentios (At 22.17-21). Ele diz ao conselho judaico em Atos 23.1-8: “Estou sendo julgado por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos!” (At 23.6). Ele proclama o evangelho a Félix (At 24.14-16) e também a Festo, Agripa e Berenice: “Estou sendo julgado por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados” (At 26.6). Adverte os soldados e marinheiros no barco para Roma de que a “viagem será desastrosa e acarretará grande prejuízo para o navio, para a carga e também para a nossa vida” (At 27.10). O livro de Atos termina com a informação de que Paulo “pregava o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo, abertamente, sem impedimento algum” (At 28.30-31).

O respeito de Paulo pelos outros muitas vezes chama atenção para ele e até transforma inimigos em amigos, apesar da ousadia de suas palavras. O centurião prestes a açoitá-lo intervém junto ao comandante romano, que ordena que ele seja libertado (At 22.26-29). Os fariseus concluem: “Não encontramos nada de errado neste homem. Quem sabe se algum espírito ou anjo falou com ele?” (At 23.9). Félix determina que “não havia contra [Paulo] nenhuma acusação que merecesse morte ou prisão” (At 23.29) e se torna um ouvinte ávido que “mandava buscá-lo frequentemente e conversava com ele” (At 24.26). Agripa, Berenice e Festo chegam à conclusão de que Paulo é inocente, e Agripa começa a ser persuadido pela pregação de Paulo. “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão?”, pergunta (At 26.28). No final da viagem a Roma, Paulo se torna o líder de fato do navio, emitindo ordens que o capitão e o centurião ficariam felizes em obedecer (At 27.42-44). Em Malta, o governador recebe e hospeda Paulo e seus companheiros e, mais tarde, abastece seu navio e os despede com honras (At 28.10).

Nem todos retribuem o respeito de Paulo com respeito, é claro. Alguns o difamam, rejeitam, ameaçam e abusam dele. Mas, de modo geral, ele recebe muito mais respeito das pessoas do que os mestres do sistema de clientelismo romano entre os quais opera. O exercício do poder pode exigir a aparência de respeito, mas o exercício do verdadeiro respeito tem muito mais probabilidade de ganhar uma resposta de respeito verdadeiro.