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Obadias salva cem pessoas trabalhando dentro de um sistema corrupto (1Reis 18)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
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Pelo menos dois episódios durante esse período merecem nossa atenção. A primeira, a salvação de cem profetas por Obadias, pode ser útil para aqueles que enfrentam a decisão de deixar um emprego em uma organização que se tornou antiética, uma decisão que muitos enfrentam no mundo do trabalho.

Obadias é o chefe de gabinete do rei Acabe. (Acabe até hoje carrega a fama de ter sido o mais iníquo dos reis de Israel.) A rainha Jezabel, esposa de Acabe, ordena que os profetas do Senhor sejam mortos. Como alto funcionário da corte de Acabe, Obadias tem conhecimento prévio da operação, bem como dos meios para contorná-la. Ele esconde cem profetas em duas cavernas e fornece-lhes pão e água até que a crise diminua. Eles são salvos apenas porque ali havia um “homem que temia muito o Senhor” (1Rs 18.3), o qual estava em uma posição de autoridade para protegê-los. Uma situação semelhante ocorre no livro de Ester, contada com muito mais detalhes. Veja “Trabalhando dentro de um sistema caído (Ester)” em www.teologiadotrabalho.org.

É desmoralizante trabalhar em uma organização corrupta ou má. Seria muito mais fácil sair e encontrar um lugar “mais sagrado” para trabalhar. Muitas vezes, desistir é a única maneira de evitar fazer o mal. Mas nenhum ambiente de trabalho no mundo é puramente bom, e enfrentaremos dilemas éticos onde quer que trabalhemos. Além disso, quanto mais corrupto é o ambiente de trabalho, mais ele precisa de pessoas piedosas. Se há alguma maneira de permanecer no lugar sem aumentar o mal, pode ser que Deus queira que fiquemos. Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de oficiais que se opunham a Hitler permaneceu no Abwher (inteligência militar) porque isso lhes dava uma plataforma para tentar remover Hitler. Seus planos falharam e a maioria foi executada, incluindo o teólogo Dietrich Bonhoeffer. Ao explicar por que permaneceu no exército de Hitler, ele disse: “A pergunta final para um homem responsável não é como ele deve se livrar heroicamente do caso, mas como a próxima geração deve viver”. [1] Nossa responsabilidade de fazer o que pudermos para ajudar os outros parece ser mais importante para Deus do que nosso desejo de pensar em nós mesmos como moralmente puros.