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O trabalhador sábio guarda a língua (Provérbios)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Proverbs guard tongue 72

A Mulher Valente tem cuidado com o que diz e com o modo como fala. Os provérbios nos lembram: “Quem é cuidadoso no que fala evita muito sofrimento” (Pv 21.23). Às vezes, ironicamente, eles também nos lembram que “Até o insensato passará por sábio, se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento” (Pv 17.28).

Há mais provérbios sobre a língua do que sobre qualquer outro tópico. (Veja Pv 6.17; 6.24; 10.20; 10.31; 12.18; 12.19; 15.2; 15.4; 16.1; 17.4; 17.20; 18.21; 21.6; 21.23; 25.15; 25.23; 26.28; 28.23; além de Pv 31.26). Uma língua justa e mansa traz sabedoria (Pv 10.31), cura (Pv 12.18), conhecimento (Pv 15.2), vida (Pv 15.4; 18.21) e a palavra do Senhor (Pv 16.1). Uma língua perversa e descuidada derrama sangue inocente (Pv 6.17), quebra o espírito (Pv 15.4), encoraja o mal (Pv 17.4), traz calamidade (Pv 17.20), problemas (Pv 21.23 ) e ira (Pv 25.23), quebra ossos (Pv 25.15), arruína (Pv 26.28) e se torna “armadilha mortal” (Pv 21.6).

A comunicação, de alguma forma, é parte integrante de quase todos os trabalhos. Além disso, a conversa social no trabalho pode melhorar as relações de trabalho ou prejudicá-las. O que os provérbios ensinam sobre o uso sábio da língua?

O trabalhador sábio evita fofocas

A fofoca é realmente um problema no ambiente de trabalho ou não passa de conversa inocente? Os provérbios apontam para seu perigo. “Quem vive contando casos não guarda segredo; por isso, evite quem fala demais” (Pv 20.19). A fofoca causa conflitos. “As palavras do tolo provocam briga, e a sua conversa atrai açoites. A conversa do tolo é a sua desgraça, e seus lábios são uma armadilha para a sua alma. As palavras do caluniador são como petiscos deliciosos; descem até o íntimo do homem” (Pv 18.6-8). “Sem lenha a fogueira se apaga; sem o caluniador morre a contenda. O que o carvão é para as brasas e a lenha para a fogueira, o amigo de brigas é para atiçar discórdias” (Pv 26.20-21). “O homem sem caráter maquina o mal; suas palavras são um fogo devorador. O homem perverso provoca dissensão, e o que espalha boatos afasta bons amigos” (Pv 16.27-28). A fofoca é uma violação da confiança, a virtude fundadora de uma pessoa sábia. “O homem que não tem juízo ridiculariza o seu próximo, mas o que tem entendimento refreia a língua. Quem muito fala trai a confidência, mas quem merece confiança guarda o segredo” (Pv 11.12-13).

A fofoca lança outras pessoas sob uma luz questionável, levantando dúvidas sobre a integridade de uma pessoa ou a validade de uma decisão. A fofoca projeta o mal nos motivos de outra pessoa, mostrando-se, assim, filha do Pai da Mentira. A fofoca tira as palavras do contexto, deturpa as intenções de quem fala, revela o que deveria ter sido mantido em sigilo e tenta elevar o fofoqueiro às custas de outros que não estão presentes para falar por si mesmos. Não é difícil ver o quanto isso pode ser destrutivo em um ambiente de trabalho. Se a fofoca coloca um ponto de interrogação sobre a reputação de uma pessoa, o valor de um projeto ou a posição tomada por um superior, a sombra lançada por essas palavras faz com que todos ao redor do fofoqueiro sejam mais cautelosos e desconfiados. Além de não ajudar em nada, isso gera divisão entre os trabalhadores, seja em um escritório, no chão de fábrica ou em uma sala executiva. Não é de surpreender que o apóstolo Paulo tenha incluído a fofoca em sua lista de pecados que são uma abominação para Deus (Rm 1.29).

O trabalhador sábio fala com bondade, não com raiva

A Mulher Valente “fala com sabedoria e ensina com amor” (Pv 31.26). Ninguém gosta de ser alvo de uma explosão de raiva, por isso reconhecemos facilmente o perigo observado em vários provérbios: “A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira” (Pv 15.1). “A sabedoria do homem lhe dá paciência; sua glória é ignorar as ofensas” (Pv 19.11). “O homem irritável provoca dissensão, mas quem é paciente acalma a discussão” (Pv 15.18). “Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade” (Pv 16.32).

A beleza desses provérbios é que eles também fornecem uma imagem da pessoa que pode ser bem-sucedida ao lidar com a raiva. Devemos ficar “irados” (moralmente indignados) contra o pecado, mas não devemos permitir que nossa “ira” (ou raiva) nos controle. “‘Quando vocês ficarem irados, não pequem’. Apazigúem a sua ira antes que o sol se ponha” (Ef 4.26). A pessoa sábia dá uma resposta branda, ignora uma ofensa e acalma a contenda. O ensino da bondade está na língua da Mulher Valente. Uma pessoa assim é “melhor... do que o guerreiro”. No ambiente de trabalho, essas pessoas são essenciais quando as irritações aumentam ou os ânimos se exaltam. [1] Como seguidores de Jesus Cristo, podemos viver o fruto do Espírito de Deus quando controlamos nossa língua, não apenas evitando falar com raiva, mas também sendo uma influência de calma em uma atmosfera às vezes contenciosa.

O trabalhador sábio abençoa os outros

As bênçãos de uma língua sábia repousam sobre a realidade de que “A palavra proferida no tempo certo é como frutas de ouro incrustadas numa escultura de prata. Como brinco de ouro e enfeite de ouro fino é a repreensão dada com sabedoria a quem se dispõe a ouvir” (Pv 25.11-12). No ambiente de trabalho, muitas vezes estamos cercados por colegas de trabalho ansiosos, e uma boa palavra pode ser exatamente o que eles precisam. “O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima” (Pv 12.25). Estamos prontos para dar essa boa palavra, porque “o falar amável é árvore de vida” (Pv 15.4). Verdadeiramente, “a língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto” (Pv 18.21).

No ambiente de trabalho eletrônico de hoje, a “língua” não se limita às nossas palavras audíveis. Fofocas, mentiras e palavras iradas podem viajar na velocidade da luz por e-mails, blogs, tweets e mídias sociais. Somos chamados a ter discernimento, a reconhecer que morte e vida realmente estão nas palavras que usamos com ou contra outra pessoa no ambiente de trabalho.