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Oferecendo a Deus os produtos de nosso trabalho (Números 4 e 7)

Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do Trabalho
Berlin 77789 640

O Senhor dá instruções detalhadas para montar a Tenda do Encontro, o local de sua presença com Israel. A Tenda do Encontro requer materiais produzidos por uma grande variedade de trabalhadores — couro fino, tecido azul, tecido vermelho, cortinas, varas e molduras, pratos, travessas, tigelas, jarros, candelabros, apagadores, bandejas, óleo e vasos para guardá-lo, um altar de ouro, panelas de fogo, garfos, pás, bacias e incenso aromático (Nm 4.5-15). (Para uma descrição semelhante, veja “O tabernáculo”, em Êxodo 31.1-12.) No decorrer da adoração, o povo traz para ela outros produtos do trabalho humano, como ofertas de bebidas (Nm 4.7 e outros), grãos (4.16 e outros), óleo (7.13 e outros), cordeiros e ovelhas (6.12 e outros), cabras (7.16 e outros) e metais preciosos (7.25 e outros). Praticamente todas as ocupações — na verdade, quase todas as pessoas — em Israel são necessárias para tornar possível a adoração a Deus na Tenda do Encontro.

Os levitas alimentavam suas famílias principalmente com uma parte dos sacrifícios. Estes foram distribuídos aos levitas porque, ao contrário das outras tribos, eles não receberam terras para cultivar (Nm 18.18-32). Os levitas não recebiam sacrifícios porque eles eram homens santos, mas porque, presidindo os sacrifícios, levavam todos a uma relação santa com Deus. O povo, e não os levitas, era o principal beneficiário dos sacrifícios. Na verdade, o próprio sistema sacrificial era um componente do sistema de suprimento de alimentos de Israel. Além de algumas porções queimadas no altar e da porção dos levitas, mencionada acima, as partes principais das ofertas de cereais e de animais eram destinadas ao consumo daqueles que as traziam. [1] Assim, todos em Israel foram, em parte, alimentados pelo sistema. No geral, o sistema sacrificial não servia para isolar algumas coisas sagradas do restante da produção humana, mas para mediar a presença de Deus em toda a vida e obra da nação.

Da mesma forma, hoje, os produtos e serviços de todo o povo de Deus são expressões do poder de Deus em ação nos seres humanos, ou pelo menos deveriam ser. O Novo Testamento desenvolve esse tema explicitamente a partir do Antigo Testamento. “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Todo o trabalho que fazemos, quando a bondade de Deus é proclamada, é um trabalho sacerdotal. Os itens que produzimos — couro e tecidos, pratos e recipientes, materiais de construção, planos de aula, previsões financeiras e todo o resto — são itens sacerdotais. O trabalho que fazemos — lavar roupas, plantar, criar filhos e todas as outras formas de trabalho legítimo — é um serviço sacerdotal a Deus. Todos nós devemos perguntar: “Como meu trabalho reflete a bondade de Deus, torna-o visível para aqueles que não o reconhecem e serve a seus propósitos no mundo?” Todos os crentes, não apenas o clero, são descendentes dos sacerdotes e levitas em Números, fazendo a obra de Deus todos os dias.