Quem eram os profetas?
Comentário Bíblico / Produzido por Projeto Teologia do TrabalhoChamado por Deus e cheio do Espírito de Deus, o profeta levava a Palavra a pessoas que, de uma forma ou de outra, haviam se distanciado do Senhor. Em certo sentido, o profeta era um pregador, embora, em termos de atuação, geralmente fosse alguém que dava o alerta, em especial quando uma tribo ou nação inteira se afastava de Deus.
Os profetas ocupam as páginas da história de Israel. Moisés foi o profeta de Deus usado para resgatar o povo hebreu da escravidão no Egito e depois levá-lo à terra que o Senhor havia prometido. Repetidamente, essas pessoas se afastaram de Deus. Moisés foi o primeiro porta-voz de Deus a trazê-los de volta ao relacionamento com ele. Nos livros históricos do Antigo Testamento (Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis, 1 e 2Crônicas, Esdras e Neemias), profetas como Débora, Samuel, Natã, Elias, Eliseu, Hulda e outros se levantaram para pregar a Palavra a um povo rebelde.
O culto religioso de Israel era organizado em torno do trabalho dos sacerdotes, primeiro no tabernáculo e depois no templo. A descrição do trabalho do dia a dia dos sacerdotes consistia em abater, separar e preparar os animais sacrificiais trazidos pelos adoradores. Mas as tarefas de um sacerdote iam além do pesado trabalho físico de lidar com milhares de sacrifícios de animais. O sacerdote também tinha a responsabilidade de guiar o povo espiritual e moralmente. Embora fosse visto com frequência principalmente como o mediador entre o povo e Deus nos sacrifícios do templo, seu dever maior era ensinar a lei de Deus ao povo (Lv 10.11; Dt 17.8-10; 33.10; Ed 7.10).
Na história de Israel, no entanto, os próprios sacerdotes muitas vezes se tornaram corruptos e se afastaram de Deus, levando o povo à adoração de ídolos. Os profetas surgiram quando sacerdotes falharam em sua tarefa de ensinar a lei de Deus ao povo e reis e juízes, em governar o país com justiça. Em certo sentido, Deus chamou profetas e falou por meio deles como acusadores quando todo o empreendimento israelita estava à beira da autodestruição.
Uma das tragédias impressionantes do povo de Deus foi insistir em adorar os muitos deuses de seus vizinhos pagãos. As práticas comuns dessa adoração idólatra incluíam o oferecimento de seus filhos nas fogueiras de Moloque e a prostituição ritual com todas as práticas lascivas imagináveis “no alto das colinas e debaixo de toda árvore frondosa” (2Cr 28.4). Mas um mal ainda maior ao abandonar Yahweh foi abandonar a estrutura de Deus para viver em comunidade como um povo distinto e santo de Deus. A preocupação com os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros na terra foi substituída pela opressão. As práticas comerciais anularam o padrão de Deus, de modo que extorsão, aceitação de subornos e ganhos desonestos se tornaram comuns. Os líderes usavam o poder para destruir vidas, e os líderes religiosos desprezavam as coisas sagradas de Deus. Longe de enriquecer a nação, essas práticas ímpias levaram à queda da nação. Os profetas costumavam ser as últimas vozes na terra, chamando as pessoas de volta a Deus e a uma comunidade justa e saudável.
Na maioria dos casos, os profetas não eram “profissionais” no sentido de ganhar a vida com as atividades proféticas. Deus os escolhera para um dever especial enquanto exerciam outras profissões. Alguns profetas (por exemplo, Jeremias e Ezequiel) eram sacerdotes que desempenhavam os deveres descritos acima. Outros eram pastores, incluindo Moisés e Amós. Débora era uma juíza que julgava questões para os israelitas. Hulda provavelmente era uma professora no setor acadêmico de Jerusalém. A tarefa de um profeta se sobrepunha a outras tarefas.